A claudicação ou manqueira é geralmente o primeiro indício de que uma lesão está presente seja ela em função da dor ou impedimento mecânico. Qualquer sinal de mudança no comportamento animal deve ser considerado pois, muitas vezes é possível diagnosticar o problema no início aumentando as chances de recuperação.. As lesões mais comumente encontradas são fraturas por choque ou sobrecarga, tendinite dos tendões flexores digital superficial e profundo, fragmentos ósseos intra-articulares, dentre outras.
Sempre que for identificado algum sinal de lesão é essencial tomar as medidas necessárias para controlar a evolução do caso evitando assim que o problema torne-se crônico e às vezes irreversível.
Deve-se sempre priorizar a prevenção que consiste desde uma alimentação balanceada até medidas fisioterápicas ao termino do exercício. Também é comum na prática veterinária o uso de antiinflamatórios, mas vale ressaltar que os mesmos devem ser utilizados com responsabilidade e obedecendo critérios como dosagens e tempo de utilização, caso contrário o uso indiscriminado dos antiinflamatórios pode ocasionar problemas em outros sistemas.
Os proprietários, treinadores e médicos veterinários devem sempre estar atentos e informados quanto a tudo que diz respeito às características e comportamento individual dos animais, pois geralmente as doenças do sistema musculoesquelético são multifatoriais.
Considerando o tipo de exercício executado pelos animais da raça Crioula nas provas funcionais ou quando são utilizados no serviço em fazendas sugere-se que as possíveis causas de claudicação são as artrites precoces de jarrete, síndrome do navicular e fratura de quartela.
Alterações conformacionais dos membros em potros recebem especial atenção, pois alguns casos podem ser solucionados desde que seja diagnosticado cedo o que permitirá o estudo da melhor técnica de correção a ser utilizada.
Dentre as principais lesões relacionadas ao sistema musculoesquelético podem-se citar as exostoses mediais devido ao choque dos cascos no segundo e terceiro metacarpianos ao realizarem giros rápidos, paradas bruscas e alterações abruptas de direção, as exostoses laterais devido à sobrecarga de peso no quarto metacarpiano. Dores musculares também estão presentes associadas ao excesso de exercício, alterações nutricionais, falta de alongamento e secundariamente a outras lesões. As estruturas tendíneas também são freqüentemente acometidas por lesões inflamatórias que comprometem a função do animal devido à dor contínua. Quando esse tipo de lesão não recebe a devida importância ocorre comprometimento importante das estruturas e dependendo do caso o tratamento é demorado (meses a anos) e, consequentemente é preciso maior investimento financeiro ou ainda o quadro torna-se irreversível.
Sinais como a claudicação, dor à palpação local, aumento de volume e temperatura, posicionamento irregular em repouso e mudanças comportamentais como agressividade ou recusa ao exercício são dados importantes que auxiliam no diagnostico de lesões musculoesqueléticas. O uso de recursos como o ultrassom, termógrafo e das radiografias permitem um diagnóstico mais preciso quanto ao grau, tipo e localização da lesão.
Atualmente, as possibilidades terapêuticas têm sido aprimoradas de acordo com a função do cavalo, tipo de lesão e gravidade da mesma, assim como dos recursos financeiros disponibilizados pelo proprietário.
A combinação terapêutica muitas vezes permite a completa recuperação do animal desde que o tratamento seja seguido corretamente, assim como as recomendações do Médico Veterinário em relação aos períodos de repouso e retorno gradual às atividades.
Cada animal deve ser avaliado levando em consideração suas características individuais, para assim determinar o melhor tratamento.
O tratamento inicial, geralmente consiste na administração de antiinflamatórios tópicos e/ou sistêmicos. A utilização de técnicas de fisioterapia ou até mesmo correção cirúrgica são necessárias nos casos mais complicados. Falando-se de fisioterapia podemos destacar as técnicas de ultrassom e laser terapêutico que podem ser utilizados para diminuir a dor e a inflamação local.
Também se pode utilizar o ferrageamento corretivo que muitas vezes é o suficiente para solucionar o problema.
Os sábios já diziam: “melhor prevenir do que remediar”. Acreditando neste pensamento recomendo sempre cautela aos treinadores de cavalo quanto ao grau de esforço aplicado no cavalo atleta, respeitando sempre o limite individual de cada animal.
Quando se obtem conhecimento sobre a predisposição das principais lesões ocasionadas pelo treinamento é possível aplicar técnicas de terapia preventiva como a crioterapia que nada mais é do que a aplicação de gelo por não mais que vinte minutos principalmente na região dos tendões atenuando os sinais de inflamação pós-exercício.
Sem dúvida a principal forma e mais efetiva de prevenção no caso das doenças de ordem musculoesqueléticas são o casqueamento e ferrageamento bem realizados.
fonte: Saline Santos dos Santos
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