A eficiência funcional do crioulo, sua rusticidade, longevidade e baixo custo, atrairam muita gente para a raça. Hoje o número de criadores já ultrapassa os cinco mil, metade deles associados a ABCCC. Desse total grande parte não são do meio rural, tendo aderido a criação em busca do lazer ou das provas funcionais, organizadas pela Associação Brasileira de Criadores.
As provas funcionais foi que deram origem ao Freio de Ouro, uma competição realizada unicamente por esta raça. É o Freio que testa na prática toda a potencialidade e habilidade do cavalo Crioulo, envolvendo cerca de 800 animais em mais de 30 provas Credenciadoras.
Cada uma dessas credenciadoras selecionam no máximo 4 machos e 4 fêmeas para etapa seguinte, as Finais Classificatórias Regionais . Esta também selecionadam no máximo 4 machos e 4 fêmeas, sem reservas e desde que os animais atinjam 18 pontos pelos critérios de pontuação da ABCCC. Uma execeção é feita em relação a Classificatória de Montevidéo, no Uruguai, que seleciona somente dois machos duas fêmeas, fechando o número de animais que participaram da final de Esteio, em 30 machos e 30 fêmeas.
A grande final do Freio de Ouro é realizada em Esteio durante a Expointer, onde após dois dias de competições entre os melhores expoentes da raça, são conhecidos os campeões, macho e fêmea, que recebem a mais alta congratulação do meio crioulístico.
Ao longo de todo esse processo, praticamente um ano de competições selecionando os mais destacados exemplares para a Final, centenas de criadores e ginetes estão mobilizados, não só no Rio Grande do Sul, mas também no Paraná e São Paulo, onde são realizadas Finais Classificatórias e em Montevidéo, onde ocorre outra.
Este panorama dá uma idéia da dimensão que a raça alcançou, a sua organização de desenvolvimento.
LAPIDAÇÃO
As provas funcionais tiveram um poder de lapidação na morfologia da raça, declara o superitendente técnico Gilberto Loureiro de Souza. Ele diz que antes cada um buscava um tipo de cavalo que era uma orientação, um consenso de características que o Crioulo devia ter.
Porém foi depois do Freio, onde a análise morfológica é feita junto com as funcionais medindo o desempenho, que foi possível conhecer as verdadeiras características que devem ser comuns da raça.
"O crioulo deve ter o biotipo do cavalo de sela, abrigado dentro da sua tipicidade racial" destaca Loureiro de souza, complementando que a funcionalidade serve justamente para explicitar isto.
O General João Batista Figueiredo também foi entrevistado pela Horse Line a respeito da sua visita ao município de Jaguarão e a influência que o fato teve para a raça Crioula. Admirador de provas equestres de salto e adestramento e com raízes no campo, pois seu avô tinha estância no RS, ele lembrou com saudades aquele tempo.
"Adorei aquela festa gaúcha em 1980 e o que resultou daí porque com o cavalo Crioulo o gaúcho soube espalhar por praticamente todos os recantos do Brasil, uma cultura que era restrita ao Rio Grande do Sul.
De acordo com o general, o Crioulo é uma raça das que mais contribuiu na pecuária do Brasil devido as suas características de rusticidade e força. Ele aguenta 8 horas de trabalho direto no campo", salientou.
Apesar de considerá-lo baixo e pesado para a altura, Figueiredo experimentou um Crioulo em provas de salto e conta como foi. "Tive um cavalo Crioulo, o Bolicho, que ganhei quando estava na presidência e coloquei em provas de salto. Apesar de ter 1,48 metros de altura, o Bolicho saltava em provas de 1,50 metros. É que esta raça compensa o seu peso com uma força excepcional.
A amizade e a solidadade existente na família crioulista são fatores destacados pelo advogado Roberto Davis, da Cabanha Infinito, em São Sepé. Ele iniciou o seu criatório em 1992 e já ganhou uma Credenciadora em 94 e o sétimo lugar no FREIO DE OURO daquele ano com BT Debret - filho de Hornero - atribui ao incentivo, apoio e orientação que recebeu dos crioulistas, o bom desempenho que sua cabanha vem tendo.
Anteriormente sem vínculos com a vida campeira, Davis conta quesempre gostou de cavalos e ao ter uma oportunidade comprou a Cabanha Infinito, iniciando o seu criatório que conta atualmente com 91 animais entre machos e fêmeas.
Animadíssimo com a criação e as satisfações pessoais que está tendo nos finais de semana, onde o prazer de montar é compartilhado pela esposa e ostrês filhos, ele conta porque investiu nessa raça.
Eu conheci o cavalo Crioulo nas provas da Expointer e vi a identidade que ele tem com a América Latina e o Rio Grande do sul. A qualidade racial e a aptidão desse cavalo também são excepcionais, o que permite a competição com qualquer outra raça. Aí eu resolvi investir no que é nosso, mesmo porque nós temos aqui o maior banco genético do mundo no que diz respeito ao Crioulo".
A seleção criteriosa do cavalo Crioulo no RS, tanto no aspecto morfológico quanto funcional, desenvolveu, paralelamente a linhagem criada na Argentina, voltada principalmente ao aspecto morfológico e a chilena, mais preocupada com a função, uma linhagem brasileira. a opinião é do presidente da ABCCC , Paulo Móglia.
Segundo o dirigente, "temos hoje os melhores animais dentro da raça Crioula e pode-se dizer que já existe uma linhagem brasileira, aliando a morfologia argentina e a funcionalidade chilena".
Esta linhagem, diz Móglia, já é reconhecida pelos países vizinhos e deve-se as provas funcionais do FREIO DE OURO, responsáveis pelo grande desenvolvimento da raça em relação aos outros países.
Essa superioridade racial motivou um dos atuais objetivos da ABCCC, a expansão para outros tipos de provas onde o Crioulo se adapta muito bem, como cavalgadas e o enduro.
A Associação também está ampliando o seu atendimento aos associados, comenta o dirigente, auxiliando os novos criadores, dando assistência direta a todos e promovendo um intercâmbio entre os crioulistas tradicionais e os que estão entrando na raça.
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