ALIMENTAÇÃO DOS EQÜINOS

Além do sal mineral que deve ser oferecido sob qualquer circunstância ao animal, o cavalo pode ter a necessidade de alguns elementos minerais conforme as circunstâncias.

A Performance Esportiva é fruto de 03 fatores: GENÉTICA x TREINAMENTO x ALIMENTAÇÃO.

Um Programa de Nutrição deve ser adequado à função desenvolvida pelo eqüino e à categoria à qual ele pertence. Deve-se levar em consideração as quantidades mínimas necessárias de energia, proteína, vitaminas e minerais.

Considerações Básicas:

Quando tratamos da alimentação dos cavalos, os nutrientes com os quais devemos nos preocupar, são os seguintes:

· Carboidratos e Lipídeos: as necessidades energéticas dos animais são atendidas através dos carboidratos e dos lipídeos que lhes fornecemos. Estas necessidades estão ligadas principalmente ao tamanho do animal e ao tipo de trabalho que desempenha.

Os lipídeos não são utilizados apenas como fonte de energia, mas também fornecem os ácidos graxos que são essenciais ao bem estar dos animais. Apenas depois de termos atendido às necessidades de AG dos animais é que podemos usar os lipídeos para atender às necessidades energéticas.

· Proteína: As necessidades de proteína dos animais são específicas para prover os aminoácidos de que o animal necessita, assim como a atividade que desempenham, como crescimento e reprodução. Devemos nos preocupar, não só com a quantidade da proteína, mas principalmente com a sua qualidade.

· Minerais: Grupo dividido em macro e micro elementos minerais.

Os macro-elementos estão envolvidos com a estrutura do animal e são perdidos diariamente durante o desempenho de suas atividades (Ca, P, Na, Cl, K, Mg, S).

Os micro-elementos estão envolvidos, principalmente, com as funções metabólicas dos animais. (Fe, I, Cu, F, Mn, Mo, Zn, Co, Se, Cr, Sn, Ni, V, Si).

· Vitamina: Estão divididas em duas categorias principais: as hidrossolúveis e as lipossolúveis.

Com a forragem verde, de alta qualidade, que o cavalo obtém na pastagem, provavelmente não temos que nos preocupar com a adição de qualquer teor extra de vitaminas A, D e E para animais em manutenção. No entanto, se o animal é mantido numa baia e alimentado com feno, provavelmente precisará de uma suplementação de vitaminas.

A maioria das vitaminas hidrossolúveis é fornecida em níveis suficientes pelos alimentos normalmente dados ao animal, ou são produzidas em quantidades adequadas no sistema digestivo.

Sob condições de stress intenso, como corrida, provas ou exposições, o animal poderá não conseguir as quantidades necessárias de vitaminas através da alimentação normal. Para estes animais, recomenda-se uma suplementação de vitaminas.

NECESSIDADES BÁSICAS

Em primeiro lugar é necessário ressaltar que o cavalo é um animal Herbívoro, isto é, se alimenta fundamentalmente de forrageiras. Portanto, em sua dieta habitual, é necessário o fornecimento de volumoso (capim ou feno).

Para alimentação adequada do cavalo, devemos respeitar sua natureza, suprindo suas necessidades básicas, que são:

VOLUMOSO: Feno ou Capim fresco de qualidade:

Feno: é a forma desidratada do capim, isto é, o capim com apenas 10-20% de água. Deve ser feito de capim de qualidade (Coast-cross, tífton, alfafa, etc.) e fenado no ponto certo, nem muito seco, nem muito úmido. Quando o capim é fenado além do ponto correto de corte, pode ficar muito fibroso, o que pode causar cólica nos cavalos. Se for cortado no ponto certo e deixado secar em demasia, fica muito fibroso, também podendo causar cólica nos animais. Se for cortado no ponto certo, mas deixado secar pouco, sendo enfardado úmido, pode ocorrer o aparecimento de fungos que podem causar problemas nos animais. Desde que feito da forma correta e bem armazenado, é um excelente alimento para os cavalos.

Capim: este pode ser fornecido sob a forma de pastagens ou suplementado no cocho, picado. Quando oferecido no cocho picado, deve-se atentar para a qualidade deste capim. Os mais utilizados sob esta forma são os capins elefantes (napier, colonião, etc.). O manejo das capineiras deve ser muito bem feito para que o aproveitamento pelo cavalo seja o melhor possível. É muito comum o corte destes capins com altura superior a dois metros e meio (às vezes até quatro metros) de altura. Porém, quando é cortado com altura superior a dois metros e meio, ocorre uma perda considerável da qualidade, devido à baixa digestibilidade de seu talo. O ideal é cortá-lo entre um metro e meio e dois metros e meio.

ÁGUA: Fresca, Limpa e Potável

Deve-se ter sempre à disposição do animal água fresca, jamais gelada devido aos riscos de cólicas que esta pode ocasionar. Deve também estar sempre limpa, evitando-se as águas barrentas que podem causar distúrbios digestivos pelo acúmulo da terra dentro do aparelho digestivo do cavalo. Deve ser fornecida ainda à vontade, pois as necessidades de água pelo cavalo são elevadas, de 20 a 75 litros por dia, dependendo do porte do animal, do clima, da intensidade do trabalho e da natureza da alimentação. As fêmeas em lactação têm suas necessidades aumentadas em 15 a 30 litros por dia.

COMPLEMENTAÇÃO MINERAL

Esta também é de fundamental importância para suprir as necessidades básicas do cavalo, que são relativamente elevadas com relação aos minerais. Estes devem ser oferecidos de maneira equilibrada, através de sais minerais de empresas idôneas e à vontade, num cocho à parte.

SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL

Após termos suprido as mínimas necessidades para manutenção do cavalo, aí sim, conforme atividade a que vamos submetê-lo, seja um potro em crescimento, égua em reprodução ou cavalo de esporte e trabalho, devemos oferecer-lhe os complementos de uma alimentação, para que possamos atingir os níveis Energéticos e/ou Protéicos suficientes para suprir estas novas necessidades, mas sempre respeitando sua natureza valorizando o volumoso.

RAÇÃO (COMPLEMENTO CORRETOR)

Esta deve ser equilibrada, oriunda de empresas idôneas para se ter garantia da qualidade do produto.

Existem vários tipos de apresentação de ração: Farelada, Peletizada, Laminada ou Extrusada. As rações industrializadas (Peletizadas, Laminadas ou Extrusadas) possuem 03 vantagens fundamentais sobre as fareladas, principalmente as misturadas na propriedade:

1. Toda matéria prima que chega à fábrica de ração é classificada e analisada para se ter certeza da qualidade de seus nutrientes (Umidade, Proteína, Minerais, etc.). Com base nessas análises, é possível garantir a qualidade e os níveis do produto final (com relação à proteína, minerais, fibra, etc.). Como não é possível analisar a matéria prima na propriedade, não há garantia de manutenção do padrão do produto final.

2. As rações fareladas produzem muito pó que, se inspirados pelo cavalo, podem levar a problemas respiratórios. Além disso, este pó pode causar obstrução do canal naso-lacrimal (canal que liga a narina ao olho) levando a produção excessiva de secreções oculares.

3. Para se evitar este pó, é muito comum molhar a ração antes do fornecimento ao animal. Ocorre que as rações fareladas, por serem mais leves que as peletizadas, ocupam um volume maior, portanto os cavalos demoram mais tempo para comer esta ração. Em temperaturas mais elevadas, podem ocorrer processos de fermentação desta ração molhada levando a quadros de cólicas.

Existem ainda as matérias-primas (aveia, trigo, milho, etc.) que muitos criadores/proprietários de animais oferecem misturado à ração balanceada. Ocorre que estas matérias-primas são, em geral, muito ricas em fósforo (a relação Ca:P pode ser de 1:3 quando o ideal é 1,8:1) o que leva a um desbalanceamento na relação cálcio/fósforo sangüíneo levando a graves problemas como a cara inchada.

Quanto às apresentações de rações industrializadas, não devemos nos preocupar com a aparência do produto (peletizada, laminada ou extrusada), mas principalmente com os níveis de garantia destes produtos.

Tecnicamente falando, um produto extrusado é superior a este mesmo produto laminado e este mesmo produto peletizado. Isto não quer dizer que qualquer produto extrusado é superior a outros, nem que toda ração laminada é superior às peletizadas.

O que mais importa na avaliação da qualidade de um produto são seus níveis de garantia, principalmente valores de qualidade de energia e proteína. A qualidade de sua energia também pode ser avaliada através do valor de seu extrato etéreo, que é o valor de gordura de uma ração, onde se este valor for alto, a qualidade de sua energia, e também de sua proteína, serão elevados.

Existem rações peletizadas no mercado que possuem qualidade energética e protéica muito superiores às laminadas e extrusadas.

Devemos estabelecer realmente quais as necessidades do cavalo para podermos suprir de forma adequada e obtermos os melhores resultados de performance e também na saúde do animal. Para isso devemos observar qual o tempo de digestão de cada tipo de alimento para podermos dividir e ocupar melhor o tempo de cada animal.



Por: André Galvão Cintra
www.cavalo-bretao.com.br

André Cintra é Médico Veterinário e consultor em Nutrição e Presidente da ABCCBretão.
O ponto forte de seu trabalho foi a Elaboração de Programa Nutricional para a Equipe Olímpica de CCE para a Olimpíada de Sydney, trabalhando diretamente com dois integrantes desta equipe, Gustavo Pagotto (SP) e Vicente Araujo (MG), além do trabalho com o Cavaleiro Olímpico Álvaro Affonso "Doda"de Miranda Neto, quando este se sagrou Campeão Brasileiro e Paulista em 2001.










Um comentário:

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