A Arte de Domar


Domar um cavalo não é dominá-lo, levando à quebra de seu brio natural,
tirando dele aquilo que a natureza o dotou em maior grau - A NOBRREZA.
Domar é conquistar, não se pode ensinar como domar um cavalo, nem em livros, nem em vídeos. A doma vem do coração, da compreensão de um todo, de atingir o objetivo sem se confrontar com a rudeza, com o stress.
Conquistar o cavalo (domar) é um meio de vida, uma atitude, requer
disciplina, percepção e muita paciência. Algumas pessoas já nascem com o dom, a sensibilidade, outras podem desenvolver o seu próprio caminho
através da disciplina e do estudo/prática, mas estas devem manter a
mente sempre aberta, pois não basta informação, às vezes, a doma
racional envolve sensibilidade, sentir a atitude do cavalo, pensar como
ele, sentir o que ele sente e acreditar, confiar.
A doma (conquista) é um exercício de paciência (digno de qualquer arte
oriental), disciplina e nos leva ao autoconhecimento, nos traz poder e
como utilizá-lo para o bem comum, é uma descoberta do nosso ser, do
nosso eu interior. Conquistar um animal tão nobre, sem destruir sua
nobreza, nos ensina a lidar com o nosso Homo sapiens (às vezes não muito racional), nos ensina a ver, a sentir e a praticar a nossa paciência,
tantas vezes perdida no stress diário. Conquistar um cavalo nos ensina,
ainda, entender o nosso espírito como um todo, aliado à mente e físico.
Domar significa integrar Homem-Cavalo, numa perfeita junção do Centauro, onde duas mentes funcionam como uma só. Compreender o cavalo é entender seu instinto, sua lógica, sua preservação, se colocar na sua mente, entender que a razão nem sempre é tão importante e muitas vezes é fria e crua demais, entender as limitações de cada cavalo individualmente, nunca esperando resultados imediatos, visando sempre o melhor para o animal.
Lembrem-se sempre que o cavalo é um ser-vivo, nunca uma máquina a qual nos servimos e largamos no final do dia. Ele possui sentimentos dos mais nobres, fidelidade e interação com seu domador/tratador/cavaleiro. Ele pensa, decide, age, aprende, tem coração, sente a solidão, frio, medo, alegria e prazer. Aprender a compreender seu cavalo e conquistá-lo é como ganhar um melhor amigo de infância, que nos acompanha, que nos diverte e se diverte. Fazer o seu cavalo trabalhar com prazer, por amor é uma das tarefas mais compensadoras de ser um Horseman (ou woman).
Domar é a arte da conquista, leva ao conhecimento, aumenta ou nos dá
capacidades, pensar como ele, agir como ele, nem que seja num instante,
num momento de lucidez, abrir nossos horizontes e caminhos para um
futuro de aprendizado e compreensão. Ser capaz de se ajustar a cada nova situação. Enfim... sentir.

O adestramento de um cavalo é a base para a formação de qualquer modalidade eqüestre. Uma doma ruim destrói qualquer genética de campeões. Se observadas as qualidades naturais do animal, a doma (ou adestramento) deve levar em consideração as aptidões do cavalo que se quer domar. Nem sempre um filho de campeões pode ser um campeão na mesma modalidade. Existem os campeões natos, aqueles que nascem com o “quê” a mais, que os torna tão diferentes ou superiores aos seus concorrentes.

Ao selecionarmos um animal para competições, devemos observar, além da genética, da desenvoltura (comodidade, estilo, apoios, regularidade, etc.), se o animal tem aptidão para a modalidade escolhida. Se ele se exercita naturalmente.

Esse fator é bastante influenciado pelo tipo de doma que o animal recebeu e que vai influenciar na psicologia e no comportamento durante o trabalho/prova.

Em resumo: filho de campeões com péssimo manejo=desastre


O adestramento é dividido em: doma de cabresto, doma baixa (com guia), doma de sela (montaria) e doma avançada (aqui definimos a doma especial para a modalidade escolhida).

O adestramento de cabresto tem início precoce, oficialmente por volta dos 5 a 6 meses dependendo da desmama e da calma do potro. O ideal é iniciar o cabresteamento um pouco antes da desmama, com o mínimo de stress possível, conduzindo o potro junto à mãe, sendo possível depois de uma ou duas semanas, conduzi-lo sozinho, lenta e cuidadosamente, ensinando-o a responder aos comandos do cabresto (puxar delicadamente). Esta fase é bastante delicada. Um erro severo cometido durante esta etapa pode refletir o resto da vida do animal, causando problemas de comportamento. Após a fase inicial de adestramento, inicia-se a fase de condicionamento leve no redondel onde o potro aprende a rodar para a esquerda e para a direita, seguindo o comando da guia. Nesta fase começamos a perceber as oscilações de temperamento do animal durante o treino, os exercícios que mais gosta e os que não gosta. Isto fará diferença na hora de escolher uma modalidade. Vejam: um animal que adora galopar em três tempos, não liga para barulho e gosta de crianças ou adultos (dois ou três) nas suas costas, além da movimentação geral, viria a ser um bom cavalo para volteio, calmo, mas sem perder o brilho. Já um animal que é brioso, líder e hábil pode servir para baliza, tambor, mas não para dressage, por exemplo. De qualquer modo o temperamento de um animal pode mudar durante a vida, mas não a sua essência, que foi lapidada durante a doma inicial.

Cidade: São Paulo/SP - Brasil
Apaixonada pelo mundo equino, é Bióloga formada pela USP e Artista Plástica. Além disso, é fotógrafa premiada no Brasil e no exterior, com diversas exposições pelo país e no Japão. É Consultora do CI-NT e já publicou matérias em revistas de renome no país.





Nenhum comentário:

Postar um comentário