"Quando o verso vem pras casa"


A Calma do tarumã ganhou sombra mais copada
pela várzea espichada com o sol da tarde caindo,
um "pañuelo" maragato se abriu no horizonte,
trazendo um novo reponte pra um fim de tarde bem lindo.
Daí um verso de campo se chegou da camperiada,
no lombo de uma gatiada frente aberta de respeito,
desencilhou na ramada já cansado das lomjuras
mas estampando a figura campeira bem do seu jeito.
Cevou um mate pura-folha cevado de maçanilha,
e um ventito da coxilha trouxe coplas entre as asas,
pra querência galponeira onde o verso é mais caseiro
templado a luz de candeeiro e um quarto gordo nas brasas.
A Mansidão da campanha traz saudades feito açoite,
com olhos negros de noite que ela mesma aquerênciou,
e o verso que tinha sonhos pra rondar a madrugada
deixou a cancela encostada e a tropa se desgarrou.
E o verso sonhou ser casa com sombra de Tarumã,
ser um galo para as manhãs ou um gatiado para encilha,
sonhou com os olhos da prenda vestidos de primavera
adormecidos na espera do sol pontear na coxilha.
Ficaram arreios suados e um silêncio de esporas
um cerne com cor de aurora queimando em fogo de chão,
uma cuia e uma bomba recostadas na cambona,
e uma saudade redomona pelos cantos do galpão.






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